quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Especulações do ser finito sobre o Infinito

A imensidão do infinito não me consola. Vivo embasado em parâmetros e por eles calculo meus passos. O ideal é a constante referência de meu agir. Tenho modelos intocáveis, mas não sei dizer se podem se chamar de divinos ou de coisa que o valha. Procuro a forma perfeita da perfeita fórmula. Procuro o ideal do ideal. Tenho a sede insaciável de buscar a fonte de inspiração do poema mais perfeito. Meus poemas nem poemas são, pois não são perfeitos. Não sou mais que rascunho de um ato criador, pois não me consigo ver como a imagem e semelhança do ideal do ideal, como o reflexo do Supra-sumo, do perfeito. Nem poeira soprada ao infinito me considero, pois existir algo na imensidão de toda a imensidão é pretensão demasiada grande até mesmo para a mais insignificante partícula de nada que sou. Minha cabeça explode a cada dia que passa e percebo que as rugas caminham cada vez mais por meu rosto. Meus cabelos pretos de outrora já perdem espaço para os fios brancos que me dão a cada dia a consciência de que meu tempo passa e que a morte se achega. Não quero a morte! Não quero morrer antes dos noventas anos! Preciso descobrir se valeu a pena abraçar ideologias e acreditar em sonhos. E se eu descobrir que não valeu a pena, que ninguém saiba e que o epitáfio em meu túmulo roto também o esconda. Quero que a frase mais bonita e motivadora esteja lapidada sobre meu corpo carcomido pelos vermes a ganharem vida. E caso eu descubra que não valeu a pena ter sonhos ao menos terei a certeza de que a ilusão do ideal sustenta uma vida, envelhece um corpo, mantém um ser humano firme no propósito da felicidade. E é essa uma nobre causa que deve ser alimentada. Ao fim de tudo temo descobrir que a vida é um enganar-nos constantemente com o divino propósito de chegarmos à velhice, à plenitude da vida, à Morte, sem mistérios a serem desvendados em outras dimensões!

3 comentários:

  1. Interessante o seu ponto de vista, Heber. Dá o que pensar.
    Voltarei!

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  2. Que dizer? Apreciação estética minha? "Filosófica"? Linguística, discursiva? Sei lá. Perto de um uso tão bem feito, tão harmonioso, tão cheio de poesia (abstração que brota das palavras bem arranjadas, seja em poema, seja em prosa, seja em devaneios, seja pensamentos de artista: aquele que representa as ações e imperfeições e limitações humanas), perto de um uso de nossa língua portuguesa tão "tal", fico envergonhado em subescrever aqui. Não envergonhado, mas acanhado. Os ingleses diriam "coy" (próximo de "recatado"). Enfim, a linguagem bem usada -- eis aqui um exemplo examplar, ao nosso ver e sentir -- aproxima os sentimentos, as percepções diante de sua objetivação (discurso, texto impresso/digital), e afasta a razão, devido à sua força não irracional, 'ilógica', mas, antes de tudo e mais importante (do ponto de vista puramente humano): afasta devido à volição demasiada -- a vontade schopenhauriana suprimida pelo princípio de razão suficiente, ficando apenas o sujeito [leitor] perdido no objeto ["Especulações do ser finito sobre o Infinito"], sujeito puro do conhecimento intuitivo (por isso não racional...). Vontade suprimida devido à comptemplação estética, ao sublime, que eleva esse sujeito mesmo a identificar-se por completo com o objeto; e a partir dessa perdição momentânea, é preferível gozar os instântes a dizer algo de valioso. Daí eu estar acanhado. Mas, assim funciona a natureza humana: ao distanciarmos no tempo e no espaço do objeto ora contemplado, podemos tecer alguma "reação"... é certo que perde-se o gosto anteriormente tido, mas é necessário, ou "natural", pois a vida segue...
    Enfim, como disse, dizer algo por palavras o que se percebe pelos sentidos é uma proeza que se reserva a poetas -- aos demais mortais, entre eles os filósofos, e pessoas normais (meu caso, quero eu pensar isso) -- e somente aos poetas.

    Isaque G. Correa

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  3. (quebrei a regra, cuja origem ninguém sabe ao certo, que diz dever ser todo 'comentário' menor em extensão ao 'comentado'; pior ainda é comentar o próprio comentário: é o mesmo que avaliar a própria avaliação...; enfim,..)

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