Como
é tão natural nesses dias o contato das crianças com computadores, celulares, enfim, com os mais diversos recursos digitais.
Tem-se impressão de que os neoviventes já nascem capacitados para lidar com
esses meios. Essa constatação me leva a recordar que somente aos 16 anos toquei
em um computador e com 21 tive um celular, o que parece inconcebível
hodiernamente.
Quando
a questão é o universo digital e a educação, somos levados à percepção de que a
escola está atrasada frente aos novos estudantes. Ainda que desde cedo as
crianças tenham, na escola, contato com essas possibilidades digitais, vê-se
que essa instituição ainda não sabe potencializar o uso desses artefatos o que
leva a crer que é demais vislumbrar os professores produzindo conteúdos
digitais.
Cada
afirmação faz sentido a partir da significância do lugar de quem afirma. Minhas
experiências com novas possibilidades levam-me a crer que a situação normal é a
conformação dos novos recursos ao jeito tradicional do professor, todavia, encanta-me
a ideia de ver o professor mudar, ter outra postura e, potencializar sua ação
docente utilizando como recurso as novidades especialmente oferecidas pelos
recursos digitais.
Minha
resistência em acreditar em uma não conformação por parte de professores às
práticas viciadas obriga-me a uma ligeira anamnese quanto à questão. Recordo-me
que em meus anos escolares a grande revolução foi uma sala de vídeo, com uma TV
instalada para que os professores pudessem utilizar como recurso pedagógico.
Ficávamos na expectativa de assistir a um filme que correspondia aos temas
ensinados. A educação estava avançando, pois estávamos saindo do quadro e giz,
o que nos fazia brilhar os olhos. No entanto, aquilo que parecia a maior
revolução, tornou-se empecilho: muitos professores faltavam pelos motivos mais
estapafúrdios, e a solução? Todos para a sala de vídeo assistir qualquer coisa,
ou mesmo filmes já vistos etc. Rapidamente percebemos que a existência daquele
espaço na escola significava a passagem de um ideal qualificado de aprendizagem
à cansativa perda de tempo! Ora, os
momentos de aula com quadros cheios de textos, em muito, foram substituídos por
horas e mais horas de filmes ou, raramente, apresentações acerca dos temas
estudados.
As novidades
continuaram surgindo e novos recursos puderam ser utilizados pelos professores.
Nesse transcurso o data show substituiu a sala de vídeo. O quadro de cimento e
o giz de gesso deram lugar ao quadro a pincel e os slides. O pior é que não
poucos professores que escreviam em todo o quadro e apagavam antes que os
estudantes copiássemos, reproduzíssemos em nossos cadernos surrados, agora o
faziam com os slides: ganharam uma potencial arma para encher o quadro de
texto! Cotidianamente, muitos professores se relacionam assim com o que podia
significar contribuição: adaptavam as novidades ao tradicional mais do mesmo de
seus fazeres docentes eliminando toda significância positiva que as novas tecnologias
pudessem representar.
Observando
o histórico recente e as repedidas estratégias para ajustar às suas maneiras os
novos recursos, é difícil aceitar como uma possibilidade próxima que os
professores se empenharão em produzir conteúdos via mídias digitais. Também é
verdade que, ainda que isso possa não acontecer, não se pode esperar que os
atuais educadores se tornem aqueles que farão uso desses recursos e produzirão
material contextualizado para o trabalho docente. Toda mudança leva tempo. E,
sendo a escola um dos espaços mais resistentes a mudanças, é difícil acreditar
que tão rapidamente aconteça uma radical mudança nas práticas educativas.
Se,
para Nietzsche, a esperança é o pior dos males, ou a última que mata, prefiro
acreditar que os atuais estudantes universitários em posse de formação
específica, de encantamento, e compreensão de que os novos recursos digitais
não representam “trabalho a mais”, mas uma forma excepcionalmente brilhante de
ensino e aprendizagem no transcurso dos dias! Aqui está a grandeza de um curso
acerca de recursos digitais com esse foco na formação de novos educadores. A
pergunta subsequente é: quantas universidades, academias têm a consciência da
relevância dessa formação aos professores do século XXI? A resposta, sem
verificação, dá a entender que pouquíssimas, o que mais leva a acreditar que é,
ainda, um caminho longo a percorrer!
Esse meu aluno é muito talentoso
ResponderExcluirParabéns, José, como sempre brilhante
Parabéns!
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